sexta-feira, 15 de abril de 2011

Cada um por si e algum Deus por todos
Fragmentos perdidos para tirar todas as teias de aranha

        E depois de muito tempo sem dar as caras, um ctrl c ctrl v no meu artigo para a faculdade. Muito mais do mesmo, porque o tema era a batida educação, mas queria algo aqui e, acho que serve.

"O Brasil caminhou a passos largos e certeiros no seu 'desenvolvimento'. Apesar dos embates já políticos (transição da monarquia, a República...), foi possível crescer tanto no âmbito econômico, como no campo de pesquisas e - por quê não? - no social. No entanto, a população era menor e havia como e para onde expandir.

Atualmente já somos 'grandes'. Grandes o suficiente para nos desprendermos da idéia de 'país do futuro'. O suficiente para entender o clichê de que 'o futuro já chegou'. E acredito que é aí onde pecamos. E feio.

A manutenção de um sistema é a parte difícil; não sua criação ou expansão. O capitalismo já está enraizado. Agora, nos falta descobrir como torná-lo plenamente funcional e capaz de suportar as bases da - somente conceitual - democracia brasileira.

Este país está longe de ser democrático. Não há distribuição de renda justa, educação de qualidade para todos, moradia e tantos outros parâmetros para essa definição. Aqui, infelizmente, arrisco dizer, que democratizamos a pobreza.

Nosso governo parece, desconfio, que busca nivelar as condições das pessoas por baixo. Explico: Não importa (e não buscamos??) que todas as crianças tenham acesso à educação de qualidade, desde que, cada vez mais crianças tenham acesso à educação. Não acredito ser este o caminho a percorrer. Ainda mais quando se trata de um dos assuntos mais importantes, ao lado, claro, da saúde, segurança... Dignidade.

É importante constatar o óbvio: Os alunos de agora são os governantes, engenheiros, operários e professores de amanhã. O que cultivamos (ou tentamos?) agora nas 'escolas do Realengo' são nosso Brasil de amanhã.

O grande problema, desconfio de novo, consiste no fato de a cultura brasileira ser, fundamentalmente, individualista. Pensamos como um. Não pensamos como todo. Enquanto o meu filho estiver tendo aulas de política no Colégio Bandeirantes, consigo conviver com o fato de outras dez crianças chegarem ao Ensino Fundamental sem saber ler direito.

Abraçar lagoa e parar a Avenida Paulista são, claro, alguma forma de, ao menos, tentar reverter a situação. Mas, o que precisamos, de fato, é uma mudança drástica de postura e governantes mais capazes (e dispostos) de liderar uma nação em busca de uma democracia real e palpável."


        E acrescento agora, para encerrar, uma frase de um dos livros que mais amo:


"E mesmo quando eles ficavam insatisfeitos, como às vezes acontecia,
sua insatisfação não levava a lugar nenhum, porque, desprovidos de idéias gerais como eram, só conseguiam fixar-se em queixas específicas e menores. Os grandes males invariavelmente escapavam a sua atenção"
1984, George Orwell


        No fundo, mesmo, acho que somos todos a prole do Orwell.